ATMJ








 
Notícia inFocus



"Somos dos que menos gastamos com justiça, cerca de 50€/ano por habitante, ficando em 17º lugar entre os 28, atrás da Itália, da Espanha e da França, com quase o dobro."


Ver mais notícias
Nos últimos dez anos desinvestimos na justiça
No passado dia 10 de abril, a Comissão Europeia publicou o Painel de Avaliação da Justiça na UE (2017), o qual avalia de forma comparativa os sistemas judiciais dos 28 Estados-Membros na UE.

Os dados analisados reportam aos anos de 2010, 2013, 2014 e 2015, sendo o objetivo auxiliar as autoridades nacionais a melhorar os respetivos sistemas.

De acordo com o referido relatório, Portugal apresenta uma litigiosidade média de cerca de 3 ações civis e comerciais por 100 habitantes, abaixo das 7 da Roménia mas acima da França e Espanha com pouco mais de 2 litígios por 100 habitantes.

Segundo a mesma estatística, precisamos de pouco mais de 300 dias para resolver litígios civis e comerciais, como por exemplo as cobranças de dívidas. É uma das piores taxas da UE, embora a par da Espanha e da França. Pior só mesmo a Itália. Não posso, neste particular, deixar de manifestar o meu ceticismo quando ao facto de a estatística nacional poder abranger a ação executiva, uma vez que o tempo médio de prolação de despachos judiciais nas comarcas de Porto, Porto Este, Lisboa, Lisboa Oeste, Lisboa Norte e Faro, rondará um ano. Admito, no entanto, que a ação executiva não judicializada, que corre nos agentes de execução e em que não existam questões judiciais a resolver, possa contribuir ainda assim para a referida média de 300 dias. O que não vem na estatística, mas é todos os dias sentido na pele pelos advogados, é que o número de magistrados judiciais afetos aos juízos de execução é manifestamente insuficiente em face das necessidades, sobretudo, nas grandes comarcas com pendências pretéritas elevadíssimas. Nos termos do mesmo relatório, Portugal apresenta uma taxa de resolução de litígios civis e comerciais de 120%, um pouco acima da média europeia, o que, a confirmar-se em 2016 e 2017, poderá contribuir para a redução do número de processos pendentes.

Já no que diz respeito à resolução de ações do foro administrativo, os dados são verdadeiramente desastrosos. Precisamos de quase 1000 dias para resolver processos administrativos em 1.ª instância, a par da Itália. E, neste caso, pior na UE, só mesmo o Chipre, com Espanha e França a precisarem de apenas cerca de 250 dias. Como a taxa de resolução de litígios administrativos é de cerca de 80%, tal significa que, nada sendo feito em 2017 e 2018, a pendência e o tempo de decisão continuarão a aumentar, o que será dramático. Com efeito, o Estado na última década pouco se preocupou com a instância administrativa e fiscal, onde os processos se arrastam de forma paquidérmica até ao completo desespero de empresas e cidadãos administrados, que por esta via ficam durante anos arredados de concursos públicos e com dificuldades de acesso ao crédito bancário.

Somos, aliás, dos que menos gastamos com justiça, cerca de 50€/ano por habitante, ficando em 17º lugar entre os 28, atrás da Itália, da Espanha e da França, com quase o dobro. Na última década, desinvestimos no setor da justiça, vital para o desenvolvimento da nossa economia. Resta-nos correr atrás do prejuízo.

António Jaime Martins
Fonte: Jornal Económico
Pretende marcar uma reunião ou fazer uma consulta rápida?
enviar
Preencha os campos para podermos entrar em contacto




Sobre Nós Comunicação Localização Contactos
Sociedade
Sócios
Recrutamento
Notícias
Clipping
ATMJ
Sociedade de Advogados, RL
Av. Da República, n.º 49,
2º andar
1050-188 Lisboa
T. +351 213 584 110
F. +351 213 584 119
E. atmj@atmj.pt


© 2013 ATMJ - Sociedade de Advogados, RL.

webdesign PixelStudio